Pedreiro

© Jacob González-Solís
Nome comum: Pedreiro, Batitu, Sopletifogo, Topetigude
Nome científico: Puffinus lherminieri boydi
Estatuto de conservação mundial (IUCN): Pouco preocupante
Lista vermelha de Cabo Verde: Indeterminado
Endemismo de Cabo Verde: Sub-espécie endémica
Ordem: Procellariiformes
Família: Procellariidae
Descrição morfológica e identificação
O Pedreiro (Puffinus lherminieri boydi) é uma sub-espécie endémica de Cabo Verde, no entanto a sua taxonomia ainda está em discussão. No passado foi considerada como uma espécie totalmente diferente das outras Puffinus do Atlântico, no entanto, na última revisão taxonómica o Pedreiro foi incluída na espécie Puffinus lherminieri presente noutras ilhas da Macaronésia e do noroeste do Atlântico (Austin et al. 2004).
O comprimento total varia entre os 28 e os 30 cm (Howell 2012), o seu peso médio é de 160 g e suas asas são longas (envergadura de 58 cm a 61 cm, Howell 2012), o bico é fino, longo, azulado na base e escuro na ponta, e as patas são azuis acinzentadas. A parte dorsal é escura, exceto pelos dois flancos brancos laterais junto à cauda. Na parte ventral, o Pedreiro é branco, mas as asas apresentam um rebordo escuro, assim como a cauda (Flood & van der Vliet 2019).

Pedreiro em vôo © Jacob González-Solís
Distribuição
Nidifica em várias ilhas (Santo Antão, São Nicolau, Sal, Santiago, Fogo e Brava) e ilhéus (Ilhas Desertas, Rabo-de-Junco e ilhéus Rombo) de Cabo Verde, tanto em zonas costeiras como em montanhas. Durante o período reprodutor, desloca-se vários quilómetros para se alimentar, mas sempre ao largo de Cabo Verde, sem nunca visitar a costa africana (Zakjová et al. 2017). Depois do período reprodutor, a maior parte dos Pedreiros migram para a zona central do Atlântico Norte e só alguns se mantêm durante todo o ano ao largo de Cabo Verde (Zakjová et al. 2017). Os adultos, geralmente, voltam da migração no início de setembro (Zakjová et al. 2017).

Mapa de distribuição do Pedreiro em Cabo Verde

Pedreiro em vôo © Jacob González-Solís
Reprodução e fenologia
O Pedreiro geralmente nidifica entre buracos nas rochas, a diferentes altitudes, ou em ninhos escavados em areia como acontece nos ilhéus Rombo. A postura do ovo ocorre em média a 9 fevereiro (22 janeiro – 6 março), sendo incubado durante 42-50 dias tanto pelo macho como pela fêmea (Zakjová et al. 2017). Os turnos de incubação duram em média 6 dias (2-10 dias) (Zakjová et al. 2017). As crias geralmente nascem no final de março e abandonam o ninho no final de maio.
Alimentação
Alimenta-se principalmente de pequenos peixes pelágicos, cefalópodes e crustáceos.
Muda
Conhece-se pouco sobre a muda do Pedreiro, mas com base no estudo dos isótopos estáveis das penas, pensa-se que a primeira primária mais interna seja mudada no final do período de reprodutor, que as secundárias sejam mudadas fora do período reprodutor e que a pena caudal mais externa seja mudada quando as aves já voltaram da migração e estão perto das áreas de nidificação (Zakjová et al. 2017).
Vocalização
Geralmente silenciosas no mar, mas vocalizam bastante na colónia. As fêmeas apresentam uma vocalização mais grave e os machos mais aguda, permitindo distinguir machos de fêmeas (Robb & Mullarney 2008).
Pedreiro
Principais ameaças
Nas ilhas habitadas, os Pedreiros estão vulneráveis a predação por mamíferos invasores, como gatos, cães e ratazanas. Para além disso, a captura humana ainda poderá ocorrer na ilha de Santo Antão e nos ilhéus Rombo. Nos ilhéus Rombo, os ninhos de Pedreiro escavados em areia são bastante frágeis e facilmente destruídos ao serem pisados. Assim, outra ameaça a que esta espécie está sujeita é a destruição do seu habitat causado por visitas aos ilhéus por pessoas que não têm cuidado e caminham por cima dos seus ninhos, destruindo-os. O aumento da poluição luminosa também é motivo de preocupação, dado que se sabe de vários indivíduos a caírem junto a luzes em ilhas como Brava, Fogo, Sal, São Vicente e Santo Antão, o que também poderá ocorrer noutras ilhas.

Cria de Pedreiro © Marcos Hernández
Imagens

Pedreiro em voo © Jacob González-Solís

Cria de Pedreiro © Marcos Hernández