Atividades Principais

Para podermos proteger as aves marinhas de Cabo Verde, precisamos de saber onde e quando se reproduzem, qual o seu tamanho populacional, qual seu sucesso reprodutor, onde se alimentam e de que se alimentam, onde vão fora do período reprodutor, que ameaças enfrentam, etc. Neste projeto, estamos a explorar todas as ilhas e vários ilhéus de Cabo Verde para determinar a distribuição das várias espécies. Estamos a acompanhar o período reprodutor de cada espécie para determinar o seu sucesso repodutor e que fatores podem afetá-lo. Estamos também a estudar a dieta das aves marinhas através de métodos convencionais (recolha de amostras de regurgitados) e mais sofisticados (análises de isótopos estáveis e análises genéticas). Para além disso, estamos a colocar aparelhos de seguimento (GPS, geolocalizadores) nas várias espécies para determinar quais as áreas no mar mais importantes para as aves marinhas durante o período reprodutor e não reprodutor.

É crucial para Cabo Verde ter técnicos e jovens biólogos formados em técnicas de monitorização, amostragem e investigação de aves marinhas para garantir a conservação destas espécies no futuro. Durante o desenvolvimento deste projeto, estamos a realizar workshops de técnicas de monitorização e amostragem para técnicos das áreas protegidas, de ONG e estudantes de Cabo Verde. A troca de experiências entre estudantes, professores e investigadores de universidades estrangeiras e nacionais tem sido uma mais valia, permitindo que muitos estudantes, desde dos liceus até ao ensino superior tenham a oportunidade de trabalhar em áreas remotas e a conhecer o valor das aves marinhas de Cabo Verde e como conservá-las. Este projeto permite criar oportunidades para que jovens cabo-verdianos desenvolvam teses de mestrado e doutoramento, com bolsas de investigação, com o apoio logístico nas Universidades de Coimbra e Barcelona, dirigidas por investigadores de renome na investigação de aves marinhas.

Infelizmente, as aves marinhas em Cabo Verde estão sujeitas a várias ameaças de origem humana, nomeadamente predação por espécies invasoras introduzidas (cães, gatos, ratazanas e ratos), caça furtiva, impactos causados pela poluição luminosa, pela interação com as artes de pesca e pela perda de habitat. Para identificar quais as principais ameaças, estamos a colocar câmaras em vários ninhos e colónias de reprodução de aves marinhas. Para além disso, estamos a avaliar o impacto de espécies invasoras e captura humana sobre o sucesso reprodutor das várias espécies, através da monitorização de ninhos. Estamos também a identificar os locais críticos de poluição luminosa perto de áreas de reprodução de aves marinhas. A colocação de GPS em barcos de pesca e as entrevistas que estamos a fazer aos pescadores ajudar-nos-á a entender se há alguma interação entre as artes de pescas e as aves marinhas.

Não protegemos aquilo que não conhecemos. Assim, um dos grandes objetivos deste projeto é dar a conhecer as aves marinhas à população de Cabo Verde, através de actividades de consciencialização. Dentro as atividades de educação ambiental podemos destacar as palestras nas escolas, nas comunidades piscatórias e em comunidades que vivem perto de áreas de reprodução de aves marinhas. E para cativar ainda mais a atenção das pessoas, em relação às aves marinhas, desenvolvemos um desenho animado didático para as crianças. Para aumentar a sensibilização da comunidade geral, estamos a dar entrevistas nas rádios e na televisão com programas como o EcoStar (onde personalidades cabo-verdianas dão a sua imagem para sensibilizar os seus seguidores para proteger as aves marinhas) e participámos do Carnaval em São Vicente e no Fogo. Atualmente, temos um centro interpretativo em plena Chã das Caldeiras, na Ilha do Fogo, e ainda uma câmara oculta dentro de um ninho de Gongon para que qualquer pessoa possa acompanhar o desenvolvimento da cria até que abandona o ninho; e muito mais.

Em 2007 foi elaborado um esboço de um Plano de Conservação de Aves Marinhas de Cabo Verde, mas o documento não foi aprovado. Atualmente, muitas das informações sobre as aves marinhas presentes no documento estão desatualizadas e, com a implementação do projeto, novos conhecimentos estão a ser adquiridos sobre as aves marinhas anteriormente estudadas e estamos a descubrir novas informações sobre as diferentes espécies para as quais não havia ainda quase nenhuma informação. No âmbito do projeto, a DNA é responsável pela atualização deste plano, que deverá estar pronto no início da segunda fase. É uma atividade a ser implementada agora durante a segunda fase, reunindo o máximo de informações recolhidas pelos parceiros desde o início do projeto.

© Marcos Hernández