João-Preto
© Jacob González-Solís
Nome comum: João-preto
Nome científico: Bulweria bulwerii
Estatuto de conservação mundial (IUCN): Pouco preocupante
Lista vermelha de Cabo Verde: Risco baixo
Endemismo de Cabo Verde: Não
Ordem: Procellariiformes
Família: Procellariidae
Descrição morfológica e identificação
O João-preto é a uma ave marinha de pequeno porte (75-139 g e 63-73cm de envergadura, Monteiro et al. 1996, Brooke 2004, Luzardo et al. 2008, Howell et al. 2014) de plumagem totalmente castanha escura, exceto pelas penas de cobertura das asas que são castanho-pálido. O bico é grosso e escuro, terminando em gancho e as patas são negras. Apresenta um ligeiro dimorfismo sexual, sendo os machos ligeiramente maiores que as fêmeas (Brooke 2004).
Distribuição
O João-preto é uma espécie pantropical, nidificando nas zonas tropicais dos Oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. Em Cabo Verde, nidifica nos ilhéus Raso, Rabo-de-Junco e nos ilhéus Rombo. Durante o período reprodutor alimentam-se nas águas ao largo de Cabo Verde. A fenologia migratória é diferente entre os indivíduos que nidificam nos ilhéus Rombo e nos ilhéus Raso e Rabo-de-Junco. Nos ilhéus Rombo, os adultos geralmente deixam a colónia até ao início de agosto, enquanto os dos ilhéus Raso e Rabo-de-Junco só o fazem no final de setembro-início de outubro (Ramos et al. 2015). Fora do período reprodutor, o João-Preto migra para a zona central do Atlântico, voltando à colónia geralmente em janeiro (no caso dos adultos de Ilhéu de Cima) ou abril (no caso dos indivíduos do ilhéu Raso) (Ramos et al. 2015).
Mapa de distribuição de João-Preto em Cabo Verde
Reprodução e fenologia
O João-preto só pousa em terra durante o período reprodutor, visitando a colónia somente durante a noite. Nidificam entre buracos nas rochas ou pequenas cavidades rochosas. A fenologia é diferente entre os indivíduos que nidificam nos ilhéus Rombo e nos outros ilhéus. Nos ilhéus Rombo a maioria dos indivíduos chegam à colónia, depois da migração pré-nupcial, em meados de janeiro (Ramos et al. 2015) e a postura do ovo começa em meados de abril. No entanto, já foram encontrados ninhos com ovo ou cria nos meses de dezembro, fevereiro e abril. Nos ilhéus Raso e Rabo-de-junco, os adultos voltam da migração em meados de abril (Ramos et al. 2015) e a postura do ovo só ocorre no final de maio ou início de Junho. A incubação prolonga-se por 44-45 dias (Brooke 2004) e a cria abandona o ninho até ao final de julho nos ilhéus Rombo e até ao final de setembro nos ilhéus Raso e Rabo-de-Junco.
João-Preto adulto no ninho
Alimentação
O João-preto alimenta-se, maioritariamente durante a noite, de pequenos peixes mesopelágicos (ou seja, que vivem a grandes profundidades, como os mictofídeos) de pequenos cefalópodes e em menor proporção, de pequenos crustáceos (Monteiro et al. 1996, Neves et al. 2011). A maioria das suas presas vive a grandes profundidades durante o dia, mas fazem migrações verticais para a superfície durante a noite, período durante o qual o João-preto pode capturar estas presas.
Muda
Conhece-se pouco sobre a muda das penas do João-preto. No entanto sabe-se que as penas mudam fora do período reprodutor (Cruz-Flores et al. 2018).
Vocalização
O João-preto só vocaliza quando está em terra e nunca quando está em voo, sendo a sua vocalização parecida ao ladrar de um cão. O canto é igual entre machos e fêmeas, no entanto a duração do período de silêncio entre cantos é maior nos machos do que nas fêmeas (Robb & Mullarney 2008).
João-Preto
Principais ameaças
Não se conhece bem o impacto das ameaças a que está exposta em Cabo Verde. No entanto, com base nas ameaças que esta espécie sofre noutros países, sabe-se que esta espécie é suscetível a predação por mamíferos invasores, como gatos, ratazanas e formigas (Kawakami et al. 2010, Boieiro et al. 2018) e à poluição luminosa (Rodriguez & Rodriguez 2009). Por enquanto, não há registo de gatos em nenhuma das áreas de nidificação do João-preto em Cabo Verde. No entanto, existem ratos nos ilhéus Rombo, mas desconhece-se se estes terão um impacto no sucesso reprodutor desta espécie. Desconhece-se também se haverá interação com algumas artes de pesca.
Imagens
© Jacob González-Solís
© Mariona Sardá