Fragata 

© Nick Williams

Nome comum: Fragata, Rabil

Nome científico: Fregata magnificens

Estatuto de conservação mundial (IUCN): Pouco preocupante

Lista vermelha de Cabo Verde: Está considerada como extinta em Cabo Verde, dado que na última década só se avistaram no máximo 3 indivíduos e há mais de 10 anos que não nidificam (Hazevoet 2014, López-Suarez et al. 2012).

Endemismo de Cabo Verde: Não

Ordem: Suliformes

Família: Fregatidae

Descrição morfológica e identificação

A Fragata é uma ave marinha de grande porte com asas muito longas e estreitas, cauda extremamente bifurcada, um bico longo terminado em gancho e patas curtas. A sua plumagem é quase completamente negra, exceto o peito que é branco nas fêmeas e os indivíduos imaturos que apresentam a cabeça e o ventre brancos (Del Hoyo et al. 1992). Os machos são menores que as fêmeas e apresentam na região da garganta uma bolsa vermelha que enchem de ar durante o cortejo para atrair as fêmeas (Diamond & Schreiber 2020).

Último casal reprodutor de Fragata em Cabo Verde em 1998 (macho à esquerda, fêmea à direita e pequena cria ao meio)  © Nick Williams

Fêmea de Fragata em voo © Pedro López

Macho de Fragata em voo © Pedro López

Distribuição

A Fragata é uma espécie tropical que cria nos Oceanos Atlântico e Pacífico, mas a única área de nidificação no oeste africano era em Cabo Verde. No passado, a Fragata reproduzia-se nos ilhéus Baluarte e Curral Velho a este e sul da ilha Boa Vista, respetivamente (López-Suárez et al. 2005). No entanto, há registos até meados do século XIX desta espécie se reproduzir também no ilhéu dos Pássaros em São Vicente (Hazevoet 1995). Os últimos registos de nidificação ocorreram no ilhéu de Curral Velho (López-Suárez et al. 2005). Infelizmente, em 1998, registou-se a última cria de Fragata a nascer em Cabo Verde. Nos anos seguintes ainda se registaram alguns eventos de reprodução, no entanto, os ovos nunca chegaram a eclodir. Em 2015, observou-se pela última vez um macho e duas fêmeas. Nunca mais se observou o macho, e as duas fêmeas foram observadas por última vez em 2016. Desde então nunca mais se registou a observação nenhum outro indivíduo de Fragata em Cabo Verde.

Mapa de distribuição da Fragata quando nidificava em Cabo Verde

Reprodução e fenologia

Esta espécie pode reproduzir-se durante todo o ano, mas geralmente nidifica fora do período das chuvas em ninhos no chão. Esta espécie põe apenas um ovo por período reprodutor, que é incubado por ambos membros do casal durante 40-50 dias (Orta et al. 2020). A cria demora entre 20-24 semanas a desenvolver-se completamente. O macho abandona a cria a meio do seu desenvolvimento enquanto  a fêmea continua a alimentar a cria 5 a 7 meses depois de esta estar totalmente desenvolvida (Orta et al. 2020). Esta diferença no comportamento de cuidado da cria permite ao macho nidificar anualmente (com diferentes fêmeas) ao passo que a fêmea o faz a cada 2 anos (Orta et al. 2020). Esta diferença no ciclo reproductor entre machos e fêmeas de uma mesma espécie não ocorre em nenhuma das outras espécies de aves marinhas de Cabo Verde (Diamond & Schreiber 2020). Infelizmente, desde 1998 que não nasce nenhuma cria de Fragata em Cabo Verde e desde 2016 que nunca mais se observou nenhum adulto.

Última cria de Fragata que nasceu em Cabo Verde em 1998 © Nick Williams

Alimentação

A Fragata é uma ave marinha que não pousa no mar pois as suas penas não são impermeáveis e as suas patas curtas não lhe permitem levantar vôo a partir da água. Assim, esta espécie captura em voo as suas presas que são principalmente pequenos peixes (Exocoetidae) e cefalópodes (Ommastrephidae) voadores (Orta et al. 2020). A Fragata também se alimenta por cleptoparasitismo, ou seja, perseguindo em voo outras aves marinhas como o Alcatraz ou o Rabo-de-junco até que eles larguem as presas acabadas de capturar.

Fragata perseguindo a um Alcatraz para estimulá-lo a regurgitar e assim roubar-lhe a presa que acaba de capturar © Pedro López

Muda

Pouco se sabe sobre a muda das penas da Fragata.

Vocalização

Geralmente silenciosas fora da colónia, só vocalizam quando vêm para o ninho, durante o cortejo ou para pedir comida (crias).

Principais ameaças

A extinção da Fragata em Cabo Verde dever-se-á principalmente à perturbação humana e à destruição das áreas de nidificação, assim como, à captura humana de indivíduos desta espécie. A captura humana de Alcatrazes e Rabo-de-Junco também deverá ter tido um impacto na população da Fragata, dado que esta depende em parte destas espécies às quais lhes rouba o alimento.

Imagens

Fêmea de Fragata a incubar © Nick Williams

Fêmea de Fragata a incubar no ilhéu Baluarte © Pedro López

Macho de Fragata a incubar em Curral Velho © Pedro López

Chegado do macho de Fragata ao ninho © Pedro López

Duas fêmeas a incubar em Curral Velho © Pedro López

Fêmea a incubar em Curral Velho © Pedro López