Pedreiro-Azul

© Sergi Torné

Nome comum: Pedreiro-azul

Nome científico: Pelagodroma marina eadesorum

Estatuto de conservação mundial (IUCN): Pouco preocupante

Lista vermelha de Cabo Verde: Indeterminado

Endemismo de Cabo Verde: Sub-espécie endémica

Ordem: Procellariiformes

Família: Hydrobatidae

Descrição morfológica e identificação

É a única espécie conhecida do género Pelagodroma, apresenta um comprimento total de 18-21 cm (Shirihai 2007), envergadura 42-43 cm (Howell 2012) e entre 40 a 68g de peso (Brooke 2004). A parte superior da cabeça é cinzenta-acastanhada assim como a máscara que vai da parte inferior do olho até às penas coberturas do ouvido, contrastando com o branco da parte superior dos olhos e do resto da cabeça e garganta. O bico é negro, fino, pontiagudo e longo comparado com o do Pedreirinho. Tem um colar cinzento incompleto na zona do pescoço e a parte dorsal é castanho-acinzentado, sendo que as grandes coberturas (penas que se localizam por cima das penas secundárias) apresentam as pontas ligeiramente mais claras, formando uma pequena banda mais clara que contrasta com o negro das penas primárias e secundárias das asas. As rectrizes da cauda são negras e as coberturas caudais são acinzentadas. A parte ventral é branca. Tem asas curtas, mas as patas são muito compridas, sendo todas pretas exceto a membrana interdigital que é amarela. No mar esta espécie utiliza as patas para impulsionar-se no ar, sendo por isso conhecida como “calca-mar” em Portugal. As fêmeas são ligeiramente maiores em termos corporais que os machos, mas estes possuem um bico mais grosso (Underwood 2013).

Distribuição

Esta espécie está amplamente distribuída pelos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico nidificando em ilhas e ilhéus remotos. Em Cabo Verde, nidifica no ilhéu Branco, no ilhéu dos Pássaros (Boa Vista), no ilhéu Laja Branca (Maio) e nos ilhéus Rombo. Pouco se sabe sobre a sua distribuição, mas recentemente indivíduos seguidos com GPS na Boa Vista revelaram que o Pedreiro-azul procura alimento durante o período de incubação em áreas a NE da colónia onde nidificam até 500km de distância desta. Fora do período reprodutor pensa-se que migram para a zona central do Norte Atlântico (Flood & Fisher 2011).  

Mapa de distribuição do Pedreiro-azul em Cabo Verde

Pedreiro-azul em vôo © Jacob González-Solís

Reprodução e fenologia

O Pedreiro-azul escava os seus próprios ninhos em substrato arenoso, criando túneis de 30 a 120 cm de comprimento e de 4.6-7.4 cm de largura (Shirihai 2007). Em Cabo Verde, a postura do ovo começa geralmente no início de fevereiro, incubando-o durante 38-59 dias (Underwood & Bunce 2004, Shirihai 2007). O pequeno ovo é branco, não sendo reposto em caso de perda. As crias nascem geralmente no final de março até ao início de abril e demoram 50-70 dias a desenvolver-se totalmente (Underwood & Bunce 2004).

Alimentação

O Pedreiro-azul alimenta-se principalmente de crustáceos planctónicos, mas também de pequenos peixes e em menor quantidade de pequenos cefalópodes (Underwood 2013), também consume alguns insetos marinhos (Cheng et al. 2010).

Muda

Pouco conhecida. A muda das penas corporais possivelmente ocorrerá no final do período reprodutor e terminará quando os indivíduos estiverem já nas áreas de “invernada” (Flood & Fisher 2011). Pensa-se que a muda das penas de voo das asas é rápida começando já nas áreas de “invernada” geralmente em julho-agosto e terminando em setembro-outubro (Flood & Fisher 2011). A muda das penas caudais (rectrizes) deverá ocorrer no final do período de muda das penas das asas (Flood & Fisher 2011).

Vocalização

É uma espécie silenciosa no mar. Geralmente vocaliza quando está na colónia no chão ou dentro dos ninhos. Ainda não se sabe se há diferenças nas vocalizações entre machos e fêmeas (Robb & Mullarney 2008).

Principais ameaças

Os ninhos de Pedreiro-azul ao serem escavados em terreno arenoso são bastante frágeis e facilmente destruídos ao serem pisados. Sendo assim, umas das maiores ameaças a que esta espécie está exposta é a degradação do seu habitat, geralmente causado pelas visitas aos ilhéus por pessoas que não têm o cuidado de evitar caminhar por cima das zonas com ninhos de Pedreiro-azul.  Para além disso, devido ao pequeno tamanho dos seus ovos e das suas crias, são muito suscetíveis a predação por mamíferos invasores, como ratazanas e ratos. Os corvos são uma ameaça bastante importante nalguns ilhéus, predando adultos e crias, e também destruindo os ninhos. O aumento do nível do mar poderá destruir algumas áreas de nidificação nos ilhéus com menor altitude, como Laja Branca ou ilhéu dos Pássaros. Nas Canárias sabe-se que esta espécie é afetada pela poluição luminosa, mas desconhece-se se o mesmo acontece em Cabo Verde. Não se sabe quais as ameaças a que esta espécie poderá estar exposta no mar.

Imagens

© Vânia Varela

© Sara Ratão

© Teresa Militão