Aves marinhas da ordem Procellariiformes – um estilo de vida curioso – Parte 1

As aves marinhas da ordem Procellariiformes são animais surpreendentes, mas quem são estas aves? A esta ordem pertencem aves emblemáticas como os albatrozes, mas também 6 das 8 espécies que nidificam em Cabo Verde: a Cagarra, o Gongon, o Pedreiro, o João-preto, o Pedreiro-azul e o Pedreirinho. Estas aves passam a maioria da sua vida no mar, um habitat aparentemente inóspito onde não há sombra, não há água doce e nem abrigo durante as tempestades. Assim, as aves marinhas estão adaptadas para superar as dificuldades do meio onde vivem e algumas espécies são capazes de passar vários anos continuamente no mar sem pousar em terra, é impressionante, não é?

Os Procellariiformes são aves de vida longa, que demoram vários anos até atingir a maturidade sexual (pode chegar a demorar 10 anos em espécies maiores como os albatrozes). Uma vez atingem a maturidade sexual, escolhem um parceiro que muitas vezes é o mesmo para o resto da vida, dado que estas aves são conhecidas por apresentarem taxas de divórcio muito baixas. Geralmente voltam ao local onde nasceram para se reproduzirem e são fiéis ao seu ninho, voltando quase todos os anos para nidificar no mesmo ninho. Só colocam um ovo por ano e infelizmente se perderem o ovo não voltam a colocar outro até ao período reprodutor do ano seguinte. A maioria das espécies de Procellariiformes de Cabo Verde, nidificam em buracos entre as rochas, que variam muito em tamanho, desde covas que cabe uma pessoa em pé até ninhos tão estreitos que não cabe nem uma mão. Outras espécies como o Pedreiro-azul escavam tuneis em areia que podem chegar a ter mais de um metro de comprimento. A grande maioria destas espécies, só vêm a terra durante a noite, possivelmente para evitar os predadores diurnos e por isso muitas espécies são tão desconhecidas pelas pessoas locais. Tanto o macho como a fêmea investem muito tempo e esforço para cuidar do ovo e da sua cria, podendo chegar a estar até vários meses a alimentar a cria que chega a pesar quase o dobro dos progenitores durante o período máximo de crescimento. Uma vez os progenitores deixam de alimentar a cria, esta terá que perder peso até conseguir voar para o mar onde passará vários anos até voltar a pousar em terra.

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